segunda-feira, junho 22, 2009

O que mudou com as europeias? Autárquicas.

Tranquilamente devemos aguardar por estas eleições autárquicas. Foquemo-nos na Madeira: um PSD esmagador que pela primeira vez terá de lidar com o factor imprevisibilidade, resultante de um PS em processo de implosão.
Com alguma irrequietude deixo já a minha aposta: PSD esmaga a oposição clássica, mas depar-se-á com uma nova oposição, mais ambiciosa: em Câmara de Lobos, MPT causará mossa ao poder instituído, que beneficiará de um secular seguro de danos próprios, que o livrará da combustão de uma gotinha de gasolina verde que bastará para inflamar o decadente PS. A leste, em Santa Cruz, a mossa caberá desta feita aos românticos de Gaula que Juntos pelo Povo serão os embaixadores de um movimento cívico em andanças eleitorais na Madeira. Uma vez mais, os efeitos serão contidos pelo seguro de danos próprios, aliado a um halo de desconfiança que terão de combater afincadamente neste curto tempo. De resto, vejo aquele panorama que não deixa ninguém arrependido por não ter entrado em apostas de café.

O que mudou com as europeias? Legislativas.

Na verdade, a expetativa em relação aos próximos atos eleitorais não poderia ser maior. o PSD vence as eleições, o Bloco de Esquerda chegou onde ainda não chegara, o CDS ressuscitou. Sócrates perdeu a aura de invulnerabilidade que marcava o seu discurso e a sua pose. Por culpa própria, Sócrates deixou-se ultrapassar por alguns acontecimentos, não se vislumbrando uma guarda pretoriana capaz de filtrar algumas das ideias que paulatinamente se foram instalando na sociedade.
Da mais recente fobia ao TGV à persistente luta dos professores, passando pelo nunca bem explicado encerramento de urgências hospitalares. Não me parece fiável haver um volteface e a dúvida a que se assiste é se o PS conseguirá votos suficientes para formar maioria e com quem? Sócrates é bem pessoa para ignorar os partidos que se posicionam em bicos de pés, e aceitar a constituição do Bloco Central, pois sabe que ofuscará a figura sisuda de Ferreira Leite. Até lá, vamos a ver que inversões de imagem poderemos assistir... Teremos um Sócrates com postura de Jerónimo? Ferreira Leite jovial como Portas? Que a silly season comece.

De onde saíram eles?

A freguesia do Caniço viveu mais um dia de agitação, provocada desta feita, pela vinda de uma nova padaria: a Padaria do Avô. Bem…na verdade, é mais uma padaria, e nem o uso do nome avô poderia ser mais adequado… Imaginei eu que no tempo do meu avô só alguém digno de ter uma imaginação semelhante à do criador de Buck Rogers poderia orquestrar uma padaria de dois pisos, cada um deles servido por um balcão. E não esquecer que no decrépito Caniço Golden, a uns 50 metros, está uma outra padaria. E sem esquecer a secção de pão do Sá ainda mais próxima. Mas enganem-se aqueles que duvidassem do sucesso da padaria do Avô! Indiferentes à sua localização vizinha ao Sá e à Padaria Golden, as pessoas encheram a Padaria do Avô na sua estreia, um banho de multidão que fez-me imaginar por momentos, como se tivesse uma imaginação semelhante à do criador de Buck Rogers, que aquelas pessoas que não poderiam ser clientes das outras padarias do Caniço, pois a essas não resta memória do último banho de multidão, só poderiam estar a nascer do chão, quais formigas ávidas de farinha. De manhã ou no final da tarde, o Avô é uma prova que ainda há espaço para surpresas nesta área do Caniço dominada por um imponente bloco de apartamentos, com direito a centro comercial e tudo, autorizado pelas autoridades locais e visto como um pólo de desenvolvimento. Mas desta feita, ao criador de Buck Rogers estaria negada semelhante afronta, pois acaba por ser o Avô, antigo e tradicional, a levar a melhor…