terça-feira, abril 24, 2012

D'ouro ou dourado?

Não constitui surpresa que o Presidente do Governo Regional não tenha a dignidade de assumir que errou profundamente perante o facto mais que assinalável da Madeira, a segunda região mais rica do país, se ver a braços com uma situação de insolvência!!! Ficava-lhe bem assumir que falhou e que se tivesse tido a sabedoria de medir os seus actos, teria tido mais cuidado em preparar o futuro sem que sobre o povo e o tecido empresarial recaíssem a responsabilidade de pagar os devaneios e a falta de estratégia de um governo que está no exercício do poder não há dez, nem quinze, nem dezoito, mas sim há trinta e dois anos!!! E com maioria absoluta!!! Subterfúgios, escapes insólitos ou risíveis e manobras de diversão, tudo serve para justificar o que não tem explicação. Não, não falamos só de incompetência. Falamos de desconsideração para os eleitores e os contribuintes. Falamos de desprezo pela geração seguinte. Falamos de total incapacidade de prestação rigorosa e transparente de contas não só para com as instituições nacionais e europeias, mas sobretudo para com a população madeirense. A pouca maturidade democrática, ao nível da discussão dos problemas e da tomada de decisão a qual não pode, em democracia ser negligenciada, motiva a adopção de uma postura leviana na forma de governar, pois não se perspectiva, em boa verdade, punição.

Dor de cotovelo

Confessamos. A nossa condição de ilhéus faz-nos despertar uma genuína simpatia pelos Açores. E conhecendo os naturais dos Açores, percebe-se que nutrem um sentimento mútuo para com a Madeira. É portanto, contra-natura o sentimento hostil que o Presidente do Governo Regional promove contra uma Região que se debate com tantas ou mais dificuldades que nós. Enquanto o madeirense comum faz contas quando circula no supermercado ou abre com angústia a correspondência pródiga em trazer contas cada vez mais altas, o Presidente do Governo Regional ao invés de dar uma resposta aos anseios de uma população humilde, grita e lamenta contra o dinheiro dado aos Açores pelo Estado central e atira impropérios para disfarçar a falta de factos que contrariem a efectiva situação de maior controlo da dívida pública regional dos Açores. Alguém pode por o homem no lugar? Alguém que lhe diga que nós, madeirenses, estamos preocupados sim com aquilo que o Governo Regional da Madeira faz ao “pouco dinheiro” proveniente da República. Alguém que lhe diga que se ele estivesse a governar os Açores estaria ainda a contar quantas ilhas é que por lá existem… Ou será que o contribuinte madeirense está assim tão alheio das responsabilidades do seu Governo? Governe, governe a Madeira, pois é para isso que os contribuintes lhe pagam!

Dolce fare niente, Cavaco


Cavaco Silva, o nosso insuspeito presidente, sem nada comentar, sem nada dizer, sem ninguém inspirar, construiu uma auréola de intocável, mostrando-se o próprio indignado com qualquer tipo de esclarecimento que se procurasse fazer relativamente às suas ligações ao famigerado BPN que, para quem anda distraído, foi vendido ao Banco Internacional de Negócios sob os bons ofícios de Mira Amaral.
Uma vez mais salientar ao leitor mais distraído que não é por estarmos a agir dentro da lei, elaborada muitas vezes de forma deliberada insípida, imperfeita e insuficiente agimos de forma correcta, justa, imparcial, em suma, leal e transparente.
Bem sabemos que as atenções estão deveras desviadas dos benefícios directos, concretos e comprovados de ocorridos e direccionados ao cidadão Cavaco Silva. Mas pergunto, por isso mesmo, a troco de quê? Mais preocupante é o sintoma de pelo sufrágio ter havido milhões de pessoas que acabaram por "absolver" uma situação altamente lesiva para os seus interesses e para o salutar estado de saúde da democracia, com a conivência frenética dos meios de comunicação social que volvidos meses, e nem mais uma palavra dedicou ao assunto.
Graças a esta absolvição, Portugal assistiu a um presidente que denotou desde então, rancor, deslealdade, desinteresse, desconsideração e cinismo. Desde que se mantenha discreto, sabe ele, nada demais, pois de brandos costumes somos feitos.