Vamos a meio do ano de 2012 e julgamos ser o momento oportuno para recuperarmos as previsões de tom otimista do nosso Primeiro-Ministro Passos Coelho não para os indicadores macroeconómicos de 2012, mas para 2013
Em entrevista concedida ao Correio da Manhã em Dezembro de 2011, o PM augurava um crescimento já para 2013.
Em Março, o PM anteviu uma estagnação em 2013 ao invés (espanto geral!!!) de um ligeiro crescimento, corrigindo em três meses a sua visão fruto de uma grande competência e astúcia.
O Boletim de Verão do Banco de Portugal confirma o cenário de crescimento zero, o que novamente indicia uma boa coordenação entre o Executivo e o regulador. Ora, a igualmente respeitável OCDE vem todavia mostrar um cenário mais sombrio: 2013 apresentará uma queda de 0,9%.
A questão fulcral não é a aritmética das previsões económicas. Os dados chave e os acontecimentos estão traçados pelo menos desde o ano de 2010 e só quem não quer é que não os vê...
A União Europeia estava já em grave crise; a dívida pública portuguesa era uma ameaça à estabilidade europeia, mas ficava abaixo dos efeitos nefastos de economias como Itália, Bélgica, Espanha e Reino Unido. Antevia-se na altura uma forte pressão sobre Espanha e Itália. Seguir-se-ia a França e aí todo o Euro estaria com os dias contados.
Os americanos desde há muito tempo vêm afirmando a necessidade da Europa tomar as medidas necessárias à boa resolução da crise. Não as explicitaram, todavia, mas imaginamos que terá que haver um reforço da coesão fiscal e financeira de toda a zona Euro, facto que muitos governos repudiam negando, desta forma, os princípios da fundação da Comunidade Económica Europeia.
Estas premissas continuam válidas, ainda que a sucessão de acontecimentos está a ser ritmada de forma mais lenta do que o previsto, motivada talvez pelo factor Hollande que diminuiu o eixo franco-alemão que minou a imagem da coesão política da Europa, distinguida agora em função da saúde das finanças públicas das partes, ainda que incrivelmente subsista uma moeda comum para todas estes paradigmas financeiros.
Como o leitor facilmente depreende, as declarações do nosso atual Primeiro-Ministro enquadram-se num microcosmos absolutamente irrisório, produzido em função do xadrez da legitimidade de uma lógica de interesses que roça o autismo, na ingenuidade ou no cinismo. Cremos cada vez mais, ainda que a contragosto, neste último: apostamos, amargamente, em um 2013 que ficará na história como um péssimo ano para Portugal, que caminha diariamente para um paradigma de maior pobreza e exclusão social; um Estado dito neoliberal procurará cada vez com maior afinco demonstrar à sociedade a sua autoridade, que lamentavelmente será imposta e não conquistada, pois o desprezo pela ética e o menosprezo pelo bom exemplo constituem indícios inequívocos da conquista de poder por parte de uma (nova) oligarquia de indivíduos que se dizem legitimados pela democracia.
quinta-feira, julho 26, 2012
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