quinta-feira, setembro 01, 2011

Memorando II

Chegou a hora de nos focarmos no Memorando da Troika, um documento que já ganhou uma aura mítica, mas que importa efectivamente desmistificar, pois nele estão baseadas muitas medidas com implicação directa na nossa vida, quer queiramos, quer não.

O objectivo primordial de ordem económica-financeira é reduzir para 3% o défice público em 2013, com objectivos intermédios para o mesmo indicador de 5,9% e 4.5% nos anos de 2011 e 2012, respectivamente.

Se não há grandes dúvidas sobre necessidade real do cumprimento do objectivo, a forma como tudo decorrerá é aquilo que gera dúvidas e angústia, mas optimismo também.

Há diferentes perspectivas de avaliação do que está previsto. Contraditórias? Também as há: o contribuinte zeloso que se congratula com o fim do fechar os olhos à manutenção dos serviços públicos despesistas e sem princípios de gestão pública responsável, ao mesmo tempo que espera dos mesmos serviços públicos mais eficácia e qualidade (será realista haver mais eficácia com redução de meios financeiros, pergunta-se?)

Espera-se que a cura não mate o doente, e há razões para pensar que tal não venha a suceder, tal o rigor e minúcia da monitorização dos indicadores que visam, sem dúvida, a correcção a quaisquer desvios e teimas, que sem dúvida surgirão.

Mas há várias razões para pensar que a cura causará baixas. Desde logo, os valores de inflação previstos, na ordem dos 3%, a par da subida da taxa de juro do BCE fazem antever perdas reais de rendimento e na ordem dos 5%!

http://economico.sapo.pt/noticias/rendimento-dos-portugueses-tera-contraccao-sem-precedentes_118555.html

E fiquemos com as dúvidas: quais os critérios de uso eficaz de fundos públicos que determinam a continuação de um serviço público ou a sua morte? Como mudar a cultura instituída das capelinhas? Será que o país, como que num passe de mágica, passará a usar da cooperação institucional, entre-ajuda, comunhão de objectivos, prossecução do interesse público?

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